quinta-feira, 29 de julho de 2010

Waiting for Sofia :)

Dias a produzir são aborrecidos quando não recebemos emails dos nossos amigos...

Boas férias!! :p

This is for you...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Running... away(?)

De olhos semi-cerrados desço as escadas, fecho os olhos e olho o céu sorrindo, sol conforta-me a face enquanto a brisa marítima invade os meus sentidos...

adoro esta cidade.

Uma ultima verificação, atacadores ok, MP3 ligado e... vamos! O inicio é sempre energético, passadas largas e vigorosas, MP3 aos berros e pouco tempo a perder, o objectivo(?) simples: correr, não olhar para trás, não ter destino, simplesmente correr. Gastar toda e qualquer energia que ainda me resta no corpo depois de um dia horrível de trabalho.

Porquê(!?)

Porque no silencio dos berros do meu MP3 oiço claramente a tua voz, no olhar semi-cerrado pela luz do sol, vejo-te, não como um sonho, não como uma miragem fruto de dias de suplicio, mas real, uma imagem de tal forma vívida, quase se torna física... e não quero, não quero que o meu cérebro consiga emitir-te como uma espécie de canal de televisão a passar repetições dos melhores momentos do reality show que é a minha vida.

Quero correr.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Hóspede de mim.


Uns dizem que moras no meu olhar, no brilho estridente que lá canta.
Outros dizem que moras no meu sorriso, genuíno e incandescente sempre que o assunto te roça.
Há quem diga que moras em pequenos gestos, daqueles que faço sem pensar, sussurros de manifestos de serenidade.
Certo é que todos te constroem em mim, e te fixam como habitante desta casa passageira mas acolhedora. Como se uma casa não fizesse sentido sem paredes.
Queres mesmo saber? Moras aqui, sim, mas no meu coração, quarto fixo da saudade, com janela aberta para a memória.
Não te esqueças de fechar a luz quando saíres.

 

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

going home

De olhos semi-cerrados, desço a rampa à procura do carro, o cansaço parece já fazer parte integrante de mim. Abro a porta, atiro o portátil e os papeis para o banco vazio do passageiro e deixo-me cair enfadonhamente no meu lugar.

Observo a forma como a luz dourada de fim de tarde pinta os prédios por onde passo, enquanto deixo que o silencio de de Miles Davis me inebrie o espírito. À medida que me vou perdendo naqueles jogos de luz, sinto-me a desligar gradualmente da realidade, tanto, que nem reparo por onde vou ou quem são estes outros desligados se cruzam por mim. Deixo apenas que o meu carro me leve sozinho ao destino.

No infinito vejo os meus pensamentos a passar, devagar, como uma nuvem em dia de sol, sem forma quase difusa, mas ali, presente, a passar devagar. De vez em quando vem um pensamento... euh... nuvem que tapa o sol e nos arrefece, faz-nos sentir aquele vento que nos arrepia e enregela-la até aos ossos... desperto, adrenalina!!! Travo a fundo, os pneus gritam por aderência até que o carro estanca subitamente - "porra... acorda!" -

Abano a cabeça para tentar dissipar esta nuvem...
...constante...


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Now playing: Miles Davis - Tenderly
via FoxyTunes

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tu - Que dás vida ao tempo.

Desisti de contar os segundos em que não estás. Para quê? Não existem.
Não há segundo sem ti que valha a pena guardar.
De ti, faço minutos que gosto de coleccionar em caixas toscas de madeira, pintadas com a tua doçura e seladas com a minha saudade.
Hoje ainda não chegaste. E aquele velho relógio parou no tempo, inebriado pelo amargo sabor da tua ausência.
Para me entreter, faço curtas-metragens mentais, em que o protagonista és sempre, e inevitavelmente tu. Assim me enches o pensamento, e não o troco nem pelo maior ou mais distante dos reinos.
E então, ao longe como num suspiro, começo a sentir o meu coração a reiniciar.
Páro para respirar…e naquele nano segundo que demora para o meu sorriso me vestir, o relógio abre os olhos e espreguiça-se. Estás a chegar. O tempo ganhou vida.

Soundtrack: Deolinda - Não sei falar de amor


Edição de fotografia: Paulo

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Limpezas de Primavera

Hoje acordei com uma estranha energia, estranha porque normalmente acordo a morrer qual zombie olhando em redor sem perceber mil coisas, como a razão de existirem manhãs ou o porquê dos sorrisos matinais, ou sequer porque existem pessoas e vida e porque é que insistem em falar comigo naquelas horas madrugadoras.

Mas hoje não, hoje é um dia diferente, hoje é um dia em que me incluo no grupo das pessoas sorridentes da manhã, hoje decidi fazer limpezas de Primavera.

Inspiro de um fôlego mais energia e "ataco", decidido a arrumar aquela pilha gigante de pessoas, sentimentos e lembranças, preciso de os organizar, de colocar as pessoas nos sítios certos, e associar os sentimentos certos às pessoas e deitar algumas lembranças ao lixo.

Deito um olhar nostálgico para algumas pessoas e sentimentos, confesso e admito, é tão mais fácil sentir a falta delas, é tão mais fácil ficar ligado a essas boas lembranças e sentimentos que nos fizeram sentir, mas não posso deixar que isso me confunda, não posso deixar que esta pilha desarrumada me impeça de ser feliz, de perceber quem sou e o que realmente quero.

Tenho, preciso, de as arrumar devidamente no seu lugar, não para me esquecer delas, porque foram ou são importantes partes de mim, mas para me lembrar, de quem sou, sem pilhas de sentimentos ou confusões...

só eu.

Soundtrack: Carlos Paredes - canto da primavera.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pelos teus caminhos.

De frente.
É sempre assim que quero que me olhes.
Não empates nem tentes disfarçar.
Não sejas envergonhado nem queiras divagar.
Olha para mim.
Nos meus olhos tens a minha verdade do mundo, toda ao teu dispor.
Sem rodeios…admito que talvez com alguns devaneios…mas já me conheces, sabes que gosto de deixar livre a minha imaginação.
Deambula pela minha íris durante o tempo que quiseres.
Não é um jogo de força…não é intimidante ou sequer entediante…só talvez extasiante…
Adoro que me olhes assim.
Faz-me sorrir, feita parva, e permite-me fotografar-te, etéreo, no meu rolo inesgotável da memória.
Cada olhar teu é uma nova caminhada em que te percorro o ser…marco constantemente o caminho com sinais que me permitam voltar…a ti…
Gosto principalmente de começar por te escalar a parte de trás do pescoço, e parar naquela covinha onde o teu cheiro se afunda e me leva com ele…ainda insatisfeita, mordo-te de leve a orelha, devagarinho, como num sussurro…e quando te viro para mim perco o sentido de orientação e o norte…e sei que aqui não posso pedir informações…cercas-me com esse olhar de desafio…e nesse brilho provocante dos teus olhos, rendo-me…agora vamos caminhar juntos.

Soundtrack: Rita Redshoes – The beginning song
«don't walk away, cause baby i will love you more, i have this feeling, you're who i've been looking for, so close your eyes and read the signs, it's time to soar»




Edição de fotografia: Paulo


Modelo: Gicas

My kingdom.


And now for something completely different...*

O Paulo vai estar fora 3 dias.

Sim, vamos ter saudades.

Mas hey...por ora, quem manda aqui, sou eu!

ahahahah :)

P.S. Volta rápido!

Soundtrack: John Denver - I'm leaving on a jet plane
Edição de fotografia: Paulo

* Em homenagem ao viajante e aos seus adorados Monty Python.

terça-feira, 31 de março de 2009

Amargura

Mexo-me erraticamente pela cama, ainda não penso, o meu cerebro ainda não começou a perceber quem é, ou que dia é, mas já o sinto, o sabor amargo na boca, a revolta do estômago, aquele mal estar permanente que não me deixa ser feliz.

Dou mais uma volta na cama, puxando vigorosamente os cobertores para uma posição mais confortável enquanto me forço a pensar noutra coisa, a não pensar, a parar, mas não consigo, é impossível, consegues deixar-me num tal mal estar, consegues colocar-me à porta de um abismo sem fim com uma vontade incontrolavel de me lançar para o silencio profundo.

De um salto, levanto-me energético, como que a tentar sacudir aquele torpor que me tolhe o pensamento e o corpo, sem prestar atenção ligo a televisão e o radio na esperança que que ambos façam ruído suficiente para calar o meu cérebro e dar sossego ao meu estômago.

Não sei como melhorar, não sei como me elevar a esse teu estatuto de sábio, de entidade superior conhecedora dos segredos do mundo. Eu não sou bom a esplanar sentimentos, não sei como fazer para te explicar o inexplicável, para te mostrar as medições e as lógicas de algo que simplesmente não tem lógica, nem é para ter lógica.

Não sei ser melhor, sei apenas ser o que sou...

seja lá o que isso fôr...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Thru the foggy glass

Esfrego os olhos, cansados de tanto olhar para um monitor cheio de trabalho, estico os dedos das mãos e dos pés na esperança que este stress , esta pressão continua se escoe do corpo por entre eles.

Levanto-me, as costas gritam que estou a tornar-me num work-aholic inveterado, lá fora, o sol lentamente vai descansar, sei que também deveria fazê-lo, mas não consigo, cada vez que paro, cada vez que o meu cérebro não está a ser usado na sua capacidade máxima, tu voltas, a cada milésimo de segundo, tu voltas, a cada intervalo entre dois pensamentos, tu voltas...

Do alto da minha sala olho as pessoas na rua, nas suas vidinhas, com os seus problemas, egoísticamente ignoro-os e vou vendo a tua cara em cada delas. Nos meus pensamentos vejo-te cabisbaixa, triste, sem aquela energia contagiante que me levava a fazer coisas que muitas vezes nem sequer me apetecia, que me levava a fazer coisas que todo o meu bom senso gritava "pára! És doido! não faças isso.", essa alegria que me levantava o espírito em dias que só me apetecia ficar fechado em casa longe das pessoas, longe de tudo...

Sei-me hoje longe de ti, tal qual estas pessoas que observo, separadas de mim por um vidro intransponível, um vidro que não tenho força suficiente para quebrar...

Sei o mal que me farias perto de ti, mas quero que saibas que é uma ínfima parte da dor de me saber longe de ti...

sexta-feira, 13 de março de 2009

A espera que desespera.


Chegaste.
Estava à tua espera desde sempre. Ou pelo menos assim parece.
Todas as expectativas e ansiedades de que padeci estão agora longe, guardadas num qualquer baú de medos que só se solta do sótão quando ainda não temos escadas suficientes para lá chegar.
Que tolo desassossego e infundadas aflições.
Mas eu não sabia. Não podia saber.
Durante todo o tempo em que esperei por ti, sem saber se virias, sofri de uma coisa que se chama angústia. Doença grave que nos ensombra o ser.
Pareceu-me uma vida inteira. E olha que não sei sequer o que isso é.
Confesso que a certa altura quase desisti de te esperar. Não acreditava que viesses.
Era algo que eu queria tanto, com tanto entusiasmo, que me parecia desmedido acontecer. Seria bom demais para ser verdade, dizem uns. Utópico, dizem outros.
Megalómana vontade que me toldou a sensatez irracional do acreditar piamente.
Todos os que me querem bem me diziam que virias, que só era preciso calma.
Calma, calma, calma. Como podia eu estar calma?! A agitação roubou-me a calma e levou-a para longe. Aquele longe onde talvez tivesses estado. Enquanto aqui não estavas, quero eu dizer.
E agora também não interessa. Podes ter estado do outro lado do mundo. Noutro mundo quiçá. Talvez até apenas na minha fértil imaginação. Mas agora, dê lá por onde der, estás aqui. Chegaste.
Posso finalmente olhar para ti com sossego.
Preciso de algum tempo para te decorar as feições. Sei que já as conhecia, mas guardadas naquele baú que se soltou do sótão, nem tinha dado por isso.
E depois de tanta espera, acredita que tudo o que eu quero agora é abraçar-te.

Soundtrack: Xutos & Pontapés – Longa se torna a espera

quinta-feira, 5 de março de 2009

Nirvana sem paz

Comecei a dactilografar, não necessariamente a escrever, apenas a bater teclas, a mexer os dedos na esperança que deles surgisse algo. O som quase metálico e inebriante das teclas deixaram-me numa espécie de transe, num estranho nirvana frenético onde não penso, onde procuro no meio deste frenesim de palavras aleatórias uma verdade superior, uma verdade pura, uma que não tenha sido já moldada para encaixar nas nossas pré-formatações inatas, sim, uma verdade, uma certeza daquelas em que nos apoiamos para fazer uma escolha, um chão de onde saltamos confiantes para um abismo com a simples certeza do ponto de partida, não interessa o destino, não interessa a forma como vamos lá chegar, naquele momento, a única coisa que interessa é existir aquele ponto zero, aquele sinal que nos indica que temos que virar à esquerda. Provavelmente logo depois ficamos novamente perdidos, mas não é importante, porque naquele momento, naquele segundo tivemos certeza e só isso importa.

Releio o que escrevo e perante este paradigma sorrio, acho realmente piada ao que escrevi, eu, um arauto, um apóstolo dos cépticos, do que não aceitam certezas absolutas... sorrio...

"só os tolos têm a certeza", pois bem...

por vezes adoro ser um mero tolo.

Soundtrack - Miles Davis - Kind of blue
http://www.youtube.com/watch?v=cPq47C3WwRQ&NR=1

Will you?

Perfeitas indecisões que te antecedem os passos.
Ao longe oiço-te planar, com a suavidade de um pássaro. Nem o vento se mexe, com medo de te baralhar a rota.
Chegas. Ou poisas.
Estou agitada. Por dentro sinto-me tremer. Sem frio ou calor que o explique.
Neste preciso momento a minha barriga serve de despretensioso carrossel para todas as borboletas que a tua vinda soltou. Bater de asas tão ténue e ao mesmo tempo tão frenético.
Luzes cintilantes cobrem o ar. Não sabia que podia ver estrelas à luz do sol.
Descobres-me os olhos e rapidamente os enches com a tua doçura. Derreto.
Em ponto de açúcar rendo-me de maneira mais que evidente.
E então, sabendo-me à tua mercê, ofereces-me um sonho.
E eu, com a cabeça no ar e sorriso mimado de menina, aceito-o, e agarro-te com força, qual balão atado num cordel para que não te leve o vento.
Já falei com ele. Se te levar, leva-me também.

Soundtrack: Amy Winehouse – Will you still love me tomorrow?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Abraço

Sentado no carro agarro o portátil e os papeis espalhados pelo banco, levanto o olhar para a porta da tua casa, num suspiro de aborrecimento e falso acesso de vontade, saio a correr, com a chuva no meu encalço.

Perco três ou quatro folhas para a chuva e vento, enquanto procuro habitualmente as chaves perdidas num dos mil bolsos que pareço ter.

Finalmente a salvo, subo as escadas sacudindo a àgua do casaco e tentando salvar as folhas que me restavam.

Mecanicamente enfio a chave na porta, entro em tua casa com a secreta esperança que estejas logo ali, esperando que percebas, que sintas o que estou a precisar.

As chaves voam para a cómoda, procuro-te com o olhar sem sucesso, tenho saudades da tua voz, do teu olhar, mas não é isso que eu preciso, preciso de algo mais simples. Poiso o portátil na sala, os papeis na mesa e o casaco no bengaleiro, calço os chinelos e fecho os olhos no sofá numa tentativa vã de relaxar e esquecer.

Um barulho desperta-me, esfrego os olhos e arrasto-me dali, procurando a fonte do barulho...

sorrio...

... és tu, olhas-me rapidamente uma vez e sorris, páras, olhas-me uma segunda vez, com mais calma e percebes... e é tão bom que percebas, é tão bom receber um daqueles abraços, bons, fortes, daqueles em que sinto que posso desmontar-me em mil peças porque tu vais estar sempre aí, a segurar em todas elas.

Um teu abraço.

--

Soundtrack: Carlos Paredes - Canto de embalar

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sobre o invisível poder da saudade.

Normalmente ando distraída. Passo pelos dias com aquela indiferente indiferença com que se passa por páginas de um livro que ainda não se fez nosso.
Um a seguir ao outro, tenho aprendido que viver é apenas um diminutivo de sobreviver, que alguém mais preguiçoso adoptou.
Mas hoje é diferente. Conscientemente, tomo nota mental de que é sempre diferente, e sou apenas eu que teimo em não reparar.
Hoje acordei cansada. Mais do que o costume. Acordei com vontade de não acordar. Passei a noite a ouvir-te falar. Aliás, se bem te lembras, passámos a noite a conversar. Amena cavaqueira a nossa que me transporta sempre para deliciosos cantos e encantos de mim mesma. Sabes, só contigo os consigo descobrir.
Mas agora que acordei, ainda cansada do tanto que falámos, não te encontro em lado nenhum. Olho à volta e não te vejo. Procuro na sala, nas escadas, em qualquer recanto que te possa tapar a existência. Mas nada. De ti, nem sombra.
Só então penso que talvez tenha sonhado. Mas não. Não pode ter sido, tenho a certeza de ter falado contigo.
Lavadas as impurezas com que nos escondemos diariamente, saio de casa e levo os olhos ao céu. Baixinho, em suaves sussurros, chamo por ti. A medo, confesso. Talvez com vergonha de que alguém me oiça.
Nada. Nem um leve murmúrio…um “estou aqui” ou um teu tão típico “estou a ir”.
Não percebo. O céu continua azul, os pássaros continuam a chilrear. Tu não estás, mas o mundo continua insolentemente a girar.
Com veemência continuo a chamar-te. Então? Não me ouves?
O desespero anunciado começa a juntar-se ao desânimo e a enfraquecer a minha tímida voz. Nesta altura já me dói a garganta. Já não te chamo com a mesma energia. Não consigo, desculpa.
Ao fim de algum tempo começo a chorar. Sem forças, cansada, sinto-me triste e sozinha. Abandono-me a essa saudade aflitiva que gosta de me fazer pirraça e de me consumir a serenidade em resmas de ansiedade.
E só então, quando me sinto prestes a desistir, e porque talvez seja sempre assim, apareces. De repente, sei que estás aqui, comigo.
Não me podias deixar desistir. Não tu, que nunca desistias de nada nem de ninguém. O teu sorriso ilumina todas as minhas incertezas e lava rapidamente todos os meus receios. De repente tudo passa a fazer sentido. Os dias já não me são indiferentes. A tua presença faz parte de mim.
O sossego toma conta de mim e o meu coração faz as pazes com a minha alma.
Agora consigo perceber…não foste tu que desapareceste ou demoraste, mas sim eu que me deixei consumir pela impaciência, aquela que chegou cedo e que não me permitiu perceber que já aqui estavas. Sempre estiveste.
Talvez devesse ter acordado antes e começado logo a chamar. Mas tu, com essa invejável clarividência, explicas-me que tudo tem um tempo certo. Este é o meu. Aqui, agora.
Vou chamar sempre por ti. As vezes que forem precisas. Sei que virás. No fundo, sei que estás sempre aí, a um sopro de distância. Ou nem isso…afinal, no coração não há distâncias. Mas também sei que chamar-te me mantém intacta a racionalidade.
Chamei-te. Tu vieste. Obrigada por conseguires partilhar esses rasgos de serenidade, tão necessários para se aprender a viver com a saudade.
Não há nada maior que a saudade. Nem o mar, nem o céu. Mas isso tu sabes melhor que eu. Também tu és maior que tudo.
Sabes, só a tua constante presença me permite sorrir. Talvez por isso goste tanto de o fazer.
Adoro-te. Sempre.

Para a Vera. 7 anos, 5 dias, inúmeras horas e incontáveis segundos desde que te foste embora. Mas ainda aqui estás, bem sei.

Soundtrack: A tua gargalhada.

Edição de fotografia: Paulo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Para a depressão da pressa, a calma de um calmante.

Não gosto de andar depressa. Nunca gostei.
Não há como saborear calmamente as variações do que nos rodeia. Serenamente, que o caminho só se faz uma vez.
Não gosto de andar depressa.
De outro modo, como poderia ter percebido que aquela pedra que agasalha a terra na minha rua estava solta? Quem me teria relatado o modo delicado como aquele galho, do velho carvalho que dobra a esquina, se dobra numa suave vénia carinhosa para a janela da Dona Celeste, aquela menina outrora pequena que ao velho carvalho soprou todas as amarguras típicas da tão plena juventude? Teria eu notado as diferentes tonalidades do magistral jogo de luzes oferecido pelo sol? O sorriso doce daquela criança com que ontem me cruzei?
Não gosto de andar depressa. A única pressa que eu tenho, é de te ver. E se bem me lembro, devagar se vai ao longe.

Soundtrack: Macy Gray - Slowly

Edição de fotografia: Paulo

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Da facilidade com que me rasgas.

Quero rasgar-me em mil pedaços, daqueles que se soltam ao vento e balançam num doce tormento…voar sem nexo, divididos os fragmentos da minha dor.
Amiúde, penso na serena leveza dos espalhados dilemas.
Suave valsa rodopiada nos poros do mundo…equilibrado o sentir, consigo ver com clareza.
Lá do alto quebram-se barreiras e fronteiras…não há sítio por onde não possa andar, nem pedra que não possa pisar.
No algodão feito nuvem poiso os pedaços de mim que se descalçam. Gosto tanto de andar descalça…sentir a irregular textura do mundo na ponta dos meus pés…gosto que se me agarrem à pele todas as pequenas partículas que o vento recicla em harmoniosas ou, ao invés, tempestivas danças.
Engana-se quem julga que todo o chão é igual. Maravilhosa sensação a de pisar a fresca relva que nos amortiza o sonhar…ou o suave tapete que pinta de açúcar o nosso quarto…a irrequieta areia que polvilha o mar…e, confesso, perco-me de amores pela beleza e leveza singela da pura madeira.
Perdida, encontro-me. Solta, agarro-me. Vazia, preencho-me. Sozinha, chego-me.
Lambidas as ardentes e valentes feridas, pisco os olhos e permito-me acreditar no arrepio frio que me percorre a pele depois desta viagem.
A dor persiste. A serenidade abandona-me as articulações que perdida a força se resignam ao definhar. Queda fico, sem lamento que me saia da pele. Forçadas as entranhas do mundo, murmúrios chorados do meu desprovido ser, aquele que te apeteceu dilacerar. E eu, sem réstia de energia, não me consigo rasgar.
Quero rasgar-me em mil pedaços…Se eu conseguir e me transformar em pó, promete que me agarras numa mão fechada, e no alto do monte mais alto que encontrares, em suave mas inspirado sopro, me soltas ao vento…me deixas ir…livre de ti…agora já sabes…no teu desejo serei feliz.

Soundtrack: INXS - Never tear us apart

Modelo: Gicas

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

(NON) rocky mood

Deambulo pela praia, o frio da areia enregela-me os pés enquanto os seus grãos insistem em permanecer no meio dos meus dedos. O mar vai e volta numa cadência sonolenta que me torpe também os pensamentos. Conduzido, os meus pés fazem-me mecanicamente chegar àquele lugar familiar, levado até àquela rocha moldada por anos de fúrias, choro, gritos... anos em que aquela rocha fora a única testemunha dos meus desgostos e tristezas.

Sinto o vento frio a cortar-me a cara, numa tentativa vã de me aquecer, tiro as luvas e pego no copo do café, aquele fumegar hipnótico pára-me agradavelmente o cérebro.

Sinto algo diferente, aquela rocha, outrora moldada na perfeição, estava estranhamente desconfortável, não me sinto bem naquele lugar de tristeza e solidão, não consigo estar ali, não consigo... preciso de sair dali, preciso de deixar tudo aquilo para trás. Num último olhar observo as marcas da minha fase de solidão, não na rocha...

mas em mim.

Do brilhante desigual dos dias.

Dei por mim a pensar nos dias, essa amálgama de segundos perdidos, sentidos, incontidos e vividos.
Há-os de todas as maneiras e feitios.
E o mais impressionante é que nenhum, nem um, é igual ao que já tenha sido.
Penso num pantone ávido de cor, com aquele sabor especial do novo e inesperado.
Cada vez que se abre uma página, afigura-se-nos uma infinita maré de oportunidades que nos preenchem o olho. Uma vastidão de escolha na palma da mão e, ironicamente, a verdade é que fazem mais sentido juntas.
São assim os dias.
Há dias claros, e dias escuros. Há dias cheios e dias em branco. Há dias alegres e dias cinzentos.
Há uns que se ouvem e outros que se querem calar. Há os compridos, e aqueles que são verdadeiramente insuficientes. Há os renovados, e os de sempre. Há os que têm uma teatral música de fundo, e aqueles em que o silêncio é Rei.
Gosto especialmente do dia de hoje.
Não que o de ontem não tenha sido bom, ou que o de amanhã não prometa…mas o de hoje…bem, o de hoje tem aquela magia única que antecede a imensidão de possibilidades que o mundo nos concede. Hoje posso ser quem quiser. Posso dar-me ao luxo de fazer o que quiser, sem medo de errar. Porque hoje, ainda não aprendi a ter medo. Hoje ainda não me arrependi de nada. É um dia novo, uma folha em branco onde posso largar a minha inspiração.
E hoje, sinto-me inspirada. Olhei para o lado e vi-te. Com aquele sorriso dos dias sim.
Antecipado congelar de um sonho que me diz, imediatamente, que hoje vai ser um bom dia.
Hoje não é como ontem. Hoje estás aqui. E isso, nunca será igual.


Soundtrack: Michael Buble - Feeling good

Edição de fotografia: Paulo