quinta-feira, 5 de março de 2009

Nirvana sem paz

Comecei a dactilografar, não necessariamente a escrever, apenas a bater teclas, a mexer os dedos na esperança que deles surgisse algo. O som quase metálico e inebriante das teclas deixaram-me numa espécie de transe, num estranho nirvana frenético onde não penso, onde procuro no meio deste frenesim de palavras aleatórias uma verdade superior, uma verdade pura, uma que não tenha sido já moldada para encaixar nas nossas pré-formatações inatas, sim, uma verdade, uma certeza daquelas em que nos apoiamos para fazer uma escolha, um chão de onde saltamos confiantes para um abismo com a simples certeza do ponto de partida, não interessa o destino, não interessa a forma como vamos lá chegar, naquele momento, a única coisa que interessa é existir aquele ponto zero, aquele sinal que nos indica que temos que virar à esquerda. Provavelmente logo depois ficamos novamente perdidos, mas não é importante, porque naquele momento, naquele segundo tivemos certeza e só isso importa.

Releio o que escrevo e perante este paradigma sorrio, acho realmente piada ao que escrevi, eu, um arauto, um apóstolo dos cépticos, do que não aceitam certezas absolutas... sorrio...

"só os tolos têm a certeza", pois bem...

por vezes adoro ser um mero tolo.

Soundtrack - Miles Davis - Kind of blue
http://www.youtube.com/watch?v=cPq47C3WwRQ&NR=1

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