Dias a produzir são aborrecidos quando não recebemos emails dos nossos amigos...
Boas férias!! :p
This is for you...
De olhos semi-cerrados, desço a rampa à procura do carro, o cansaço parece já fazer parte integrante de mim. Abro a porta, atiro o portátil e os papeis para o banco vazio do passageiro e deixo-me cair enfadonhamente no meu lugar.
Desisti de contar os segundos em que não estás. Para quê? Não existem.
Hoje acordei com uma estranha energia, estranha porque normalmente acordo a morrer qual zombie olhando em redor sem perceber mil coisas, como a razão de existirem manhãs ou o porquê dos sorrisos matinais, ou sequer porque existem pessoas e vida e porque é que insistem em falar comigo naquelas horas madrugadoras.
De frente.
Esfrego os olhos, cansados de tanto olhar para um monitor cheio de trabalho, estico os dedos das mãos e dos pés na esperança que este stress , esta pressão continua se escoe do corpo por entre eles.
Comecei a dactilografar, não necessariamente a escrever, apenas a bater teclas, a mexer os dedos na esperança que deles surgisse algo. O som quase metálico e inebriante das teclas deixaram-me numa espécie de transe, num estranho nirvana frenético onde não penso, onde procuro no meio deste frenesim de palavras aleatórias uma verdade superior, uma verdade pura, uma que não tenha sido já moldada para encaixar nas nossas pré-formatações inatas, sim, uma verdade, uma certeza daquelas em que nos apoiamos para fazer uma escolha, um chão de onde saltamos confiantes para um abismo com a simples certeza do ponto de partida, não interessa o destino, não interessa a forma como vamos lá chegar, naquele momento, a única coisa que interessa é existir aquele ponto zero, aquele sinal que nos indica que temos que virar à esquerda. Provavelmente logo depois ficamos novamente perdidos, mas não é importante, porque naquele momento, naquele segundo tivemos certeza e só isso importa.
Normalmente ando distraída. Passo pelos dias com aquela indiferente indiferença com que se passa por páginas de um livro que ainda não se fez nosso.
Não gosto de andar depressa. Nunca gostei.
Deambulo pela praia, o frio da areia enregela-me os pés enquanto os seus grãos insistem em permanecer no meio dos meus dedos. O mar vai e volta numa cadência sonolenta que me torpe também os pensamentos. Conduzido, os meus pés fazem-me mecanicamente chegar àquele lugar familiar, levado até àquela rocha moldada por anos de fúrias, choro, gritos... anos em que aquela rocha fora a única testemunha dos meus desgostos e tristezas.
Dei por mim a pensar nos dias, essa amálgama de segundos perdidos, sentidos, incontidos e vividos.